Déficit de atenção e
hiperatividade pode continuar na vida adulta (Jornal Hoje)
Transtorno é mais comum entre crianças, mas metade
dos casos continua após envelhecer. Tratamento é feito com remédios e não tem
cura definitiva.
Se você se esquece de tudo, costuma
perder as coisas e tem dificuldade para se concentrar e é sempre impaciente,
pode ser portador do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
O TDAH é mais comum entre as crianças, mas, segundo os médicos, metade dos
casos continua na vida adulta. “Muitas vezes, você encontra um adulto que é
abusador de álcool, usa drogas, a vida dele é um caos, não para em emprego, tem
múltiplas relações, não consegue manter um relacionamento estável. Quando você
entrevista vê que é um portador de TDHA”, diz o psiquiatra Paulo Mattos.
O tratamento do TDAH é feito
com medicação, receitada por um psiquiatra. É um transtorno hereditário e não
tem cura. “Em torno de 80% do transtorno é genético. Isso significa o seguinte:
que há uma chance dessa pessoa ao ter filhos tenha um filho assim ou tenha um
neto assim com essas características, então também deve aprender a lidar com
isso”, afirma Flávia Sollero, psicóloga da PUC-RJ.
Celso Gorga é jornalista e tem
55 anos. Há oito anos, descobriu que é portador do transtorno. Durante décadas,
teve que conviver com a ansiedade, a impulsividade e a falta de paciência. “Eu
discutia na fila de banco: ‘por que têm 10 guichês e só dois caixas funcionando?
’. Coisas que outras pessoas conseguem superar numa boa. Eu tinha dificuldade e
ficava muito irritado”, explica. Há algumas dicas simples que facilitam o
dia-a-dia de quem sofre com o transtorno:
- Abuse de agendas e calendários para organizar tarefas e compromissos;- Passe as contas para o débito automático;
- Deixe chaves, carteiras e telefones celulares sempre juntos, de preferência perto da porta de casa.
Celso segue todas essas
recomendações e diz que, depois de começar o tratamento, virou outra pessoa.
“Você vai tomar remédio pro resto da vida, mas você vai ter outro tipo de vida.
E eu descobri o TDHA exatamente assim, através de uma reportagem que o meu
filho foi levado ao médico, foi diagnosticado, e através dele, comecei meu
tratamento”, diz.
Saiba mais
Para tirar outras dúvidas
sobre o assunto, a psicanalista e psicopedagoga Josefina Cosomano participou de
um bate-papo com os internautas. Confira abaixo os melhores momentos dessa
conversa:
Transtorno
Essa nova geração tem
conseguido se dar conta dessa questão muito cedo, pois estamos mais atentos a
isso. Não é a televisão, internet e outras formas de comunicação que
influenciam o problema. Muitos adultos carregam esse transtorno e não se dão
conta disso ao longo da vida. Não entendem porque têm dificuldade de se
relacionar e transportam essa questão para o outro. Quem apresenta TDHA tem
muita energia, algo que a pessoa não consegue parar, e isso chama atenção.
Esses adultos passam muitos anos sem se dar conta disso, até que chega um
determinado momento e percebem que têm algo que não funciona. São pessoas que
não conseguem terminar uma tarefa, não conseguem ficar paradas, geralmente não
terminam um projeto. Também têm dificuldade em seguir regras.
Tratamento
É uma questão neurológica.
Normalmente é indicado medicação, mas isso não faz com que a pessoa mude sua
dinâmica. O paciente não tem consciência das perdas que ele já sofreu ou virá a
sofrer. É uma questão de consciência, se você sabe que carrega este elemento a
mais, irá trazê-lo para perto de si. Nós afastamos daquilo que nos atrapalha,
achando que com isso vamos resolvê-lo. Quando trazemos essa questão e fazemos
um trabalho de conscientização, iremos buscar as melhores ferramentas para
contornar essa dificuldade.
Ajuda da família e amigos
No caso dos adultos existem
algumas particularidades, pois, nesta fase ele já definiu seu espaço e o outro
tem dificuldades de entender e lidar com a situação. Se você entende que a
outra pessoa é mais agitada, não fique leve tudo que ela faz ou fala ao
pé-da-letra, pois saberá que ela está sempre acelerada. Na escola é preciso
conscientizar os pais e amenizar a angústia familiar. Não é que o filho não
queira fazer algo, mas que existe algo mais forte que o filho. Quando se
trabalha com crianças, um grupo de pessoas estão envolvidas. O professor
precisa compreender que é importante acolher essa criança, sabendo que ela traz
um transtorno para a sala de aula. Precisa entender que ela necessitará
respirar de vez em quando, seja saindo da sala ou fazendo outra atividade.
Adolescência
Há um aumento no metabolismo e
o jovem fica mais agitado nessa época, mesmo com medicação. Passada essa fase
há uma diminuição do transtorno. Por isso, o trabalho psicoterapêutico é
importante. Com o passar do tempo, a pessoa vai se dando conta de que forma ele
pode lidar com essa condição. Ela vai perceber que tem maneiras para se
controlar, para criar esse freio.
Hiperatividade
Quem tem hiperatividade
geralmente tem déficit de atenção, pois muitos detalhes passam e não se tem
consciência disso. Algumas pessoas não têm hiperatividade, mas têm déficit de
atenção, vivem avoadas, estão voltadas para dentro. É preciso tomar muito
cuidado com o diagnóstico, para que não se faça um tratamento errado. O
importante é entender quem é essa pessoa antes de rotular o que ela tem. Antes
de levar uma criança a um especialista, é importante que os pais visitem um
consultório primeiro e se sintam à vontade com o profissional. Isso tira da
criança a angústia de conhecer alguém sem se sentir bem. Se os pais confiarem,
os filhos ficarão mais à vontade.
O que é o TDAH?
O Transtorno do Déficit de
Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas
genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por
toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.
Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês,
também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.
Existe mesmo o TDAH?
Ele é reconhecido oficialmente
por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países,
como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a
receberem tratamento diferenciado na escola.
Não existe controvérsia sobre a
existência do TDAH?
Não, nenhuma. Existe inclusive um
Consenso Internacional publicado pelos mais renomados médicos e psicólogos de
todo o mundo a este respeito. Consenso é uma publicação científica realizada
após extensos debates entre pesquisadores de todo o mundo, incluindo aqueles
que não pertencem a um mesmo grupo ou instituição e não compartilham
necessariamente as mesmas idéias sobre todos os aspectos de um transtorno.
O TDAH é comum?
Ele é o transtorno mais comum em
crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ele ocorre
em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi
pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na
vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos.
Quais são os sintomas de TDAH?
O TDAH se caracteriza por uma
combinação de dois tipos de sintomas:
1)Desatenção
2) Hiperatividade-impulsividade
2) Hiperatividade-impulsividade
O TDAH na infância em geral se
associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais
e professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no
mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e com "bicho
carpinteiro" ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por
muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e
impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes
com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo,
dificuldades com regras e limites.
Em adultos, ocorrem problemas de
desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são
muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem
mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos ("colocam os
carros na frente dos bois"). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio
comportamento e quando isto afeta os demais à sua volta. São frequentemente
considerados “egoístas”. Eles têm uma grande frequência de outros problemas
associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.
Quais são as causas do TDAH?
Já existem inúmeros estudos em
todo o mundo - inclusive no Brasil - demonstrando que a prevalência do TDAH é
semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é
secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o
modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.
Estudos científicos mostram que
portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o
resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser
humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição
do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela
capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e
planejamento.
O que parece estar alterado nesta
região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas
chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que
passam informação entre as células nervosas (neurônios). Existem causas que
foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região
frontal e suas conexões.
A)
Hereditariedade: B) Substâncias ingeridas na gravidez: C) Sofrimento fetal: D)
Exposição a chumbo: E) Problemas Familiares:
Dúvidas tiradas do site: http://www.tdah.org.br/index.php#
Bem interessante para psicólogos e interessados no
assunto esse site!